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O que as empresas oferecem para atrair talentos


(Imagem: Reprodução)

Fonte: Estadão

Na tentativa de atrair e reter os melhores talentos e se consolidar como uma companhia da galera, elas correm atrás do que vão oferecer para o futuro colaborador, seja benefícios diferentes do mercado, um salário acima da média, a possibilidade de trabalho flexível e home office ou até mesmo uma marca com propósito sustentável, de diversidade ou socioeconômico. Porém, mais do que se vender como a empresa dos sonhos, é preciso convencer o público externo de que essa máxima é verdade. Caio Infante, cofundador da Employer Branding Brasil, empresa que faz a gestão estratégica de marcas empregadoras, afirma:

“Não tem mais candidato bobo. A informação está disponível na internet e a empresa não tem controle sobre ela. Se eu jogar no Google como é trabalhar na empresa X, eu vou achar vários sites com depoimentos contando de dentro para fora, de funcionário e ex-funcionário. Não dá para prometer algo e não ter”.

“Se você perguntar para profissionais de recursos humanos se os candidatos o confrontam com o que está em sites de análise de empresas, eles vão te falar que já aconteceu”.

PROPÓSITO DE DIVERSIDADE E SUSTENTABILIDADE

Uma pesquisa feita pela consultoria McKinsey apontou, que times diversos fazem com que as companhias apresentem melhores resultados financeiros e, consequentemente, colaboradores mais produtivos e felizes. O tema tem ganhado força no Brasil, principalmente com os processos seletivos intencionais, como os realizados pela Bayer e o Magazine Luiza, exclusivos a profissionais negros, no último mês.

Já a pesquisa realizada pela Revelo também mostrou que, entre as 378 pessoas que responderam, os solteiros são os que mais se preocupam com diversidade e o propósito da marca em detrimento de ganho financeiro. Um deles ainda disse:

“Eu vou passar mais tempo trabalhando do que com a minha família, do que fazendo o que eu gosto, então eu preciso estar num lugar que faz sentido para mim e para minha carreira. E a diversidade também está nisso. Eu posso ser um homem, branco, heterosexual e cisgênero e querer saber se as empresas têm reais iniciativas, se elas conseguem empregar diversidade na prática, para além do discurso”.

Dentro dessa temática, há empresas trendsetters, aquelas que apontam tendências e, com o passar do tempo, influenciam o mercado. No contexto da diversidade, por exemplo, a IBM é uma das pioneiras.

Uma das iniciativas da empresa é o Programa de Assistência à Pessoa Trans (PAT). Por ele, além dos funcionários transexuais terem todos os direitos em relação à mudança de gênero, como uso do nome social, apoio psicoterápico e psicoterapêutico ,apoio médico, eles têm subsídio de 75% na compra da terapia hormonal (estendido aos filhos e dependentes dos funcionários). Neste ano, a empresa também passou a oferecer a cobertura de todos os procedimentos do processo transexualizador, como histerectomia, mastectomia, ooforectomia e tiroplastia.

TRABALHO FLEXÍVEL

Mesmo antes da pandemia, muitas empresas já eram adeptas do trabalho flexível, seja home office de forma integral ou com a possibilidade de trabalhar de casa por alguns dias da semana. Esse passou a ser um item bastante cobiçado pelos profissionais, como mostra pesquisa realizada pelo LinkedIn com mais de 3.400 respondentes. De acordo com os resultados, no pós-pandemia, 64% preferem um modelo híbrido de trabalho (entre escritório e casa) e 26% preferem trabalhar apenas de casa.

Algumas das empresas desejadas, como Johnson & Johnson, já ofereciam a possibilidade do trabalho flexível antes da pandemia.

BENEFÍCIOS E FLEXIBILIDADE

Muito além dos já tradicionais vale-alimentação, transporte, refeição e plano de saúde, a pandemia trouxe novas necessidades. Há empresas que passaram a oferecer auxílio-home office, que inclui o pagamento de contas de luz e de internet, além de crédito para comprar materiais ergonômicos para o trabalho em casa. Samantha Almeida, diretora do Twitter Next Brasil, conta:

“Eu mentoro uma menina maravilhosa, de 20 e poucos anos, talentosíssima, que trabalha como analista de marketing em uma marca muito bacana. Ela mora no extremo sul de São Paulo e o que ela está procurando é que a própria empresa dê auxílio a internet, simples assim. Porque ela participa das reuniões e tem de ficar com a câmera desligada porque a internet é muito instável onde ela mora. No fim do dia, estamos de frente a velhas perguntas adaptadas para novos tempos e os novos dilemas ainda são excludentes, que a gente precisa passar pelo crivo de raça, gênero e classe”.

Algumas companhias, como o Grupo Boticário, passaram a ouvir o que os colaboradores querem. No próximo mês, a companhia irá oferecer a possibilidade de benefícios flexíveis, em que o profissional pode escolher como gastá-lo, entre várias opções, como plano de saúde pet (para animais de estimação), plano de viagem, mobiliário, entre outros.

Outro atrativo das empresas é oferecer benefícios que são incomuns no mercado. O LinkedIn, por exemplo, oferece subsídio para os processos de fertilização e adoção, independentemente da orientação sexual ou gênero. O valor reembolsável é de até R$ 22 mil para até três tentativas de fertilização (totalizando R$ 66 mil). No caso de adoção, são cobertas despesas com viagem, audiências e taxas do processo. Amanda Aragão, líder da área de recrutamento e seleção da Mais Diversidade, consultoria de diversidade e inclusão para empresas, explica:

“Cada vez mais as empresas podem flexibilizar e modular os seus benefícios. Em diversidade, falamos muito sobre os conceitos de igualdade e equidade, e isso pode ser aplicado aos benefícios. Sair do modelo duro, em que tudo é igual para todo mundo, e ir para o flexível, em que as pessoas podem ter mais poder de escolha e autonomia, faz mais sentido”.


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