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Empresas usam paternidade como vínculo de aproximação com funcionários


(Imagem:Reprodução)

Fonte: Estadão

Tendência de companhias estenderem licença-paternidade ou uso de creches também para pais cresce no mercado brasileiro.

Na Youse, por exemplo, Fernando, um estagiário na plataforma online de venda de seguros, descobriu que teria um filho com a namorada. O cenário natural seria ele ir atrás de um emprego fixo com salário maior. Porém, não foi o que aconteceu e a empresa acabou formalizando a contratação de seu colaborador antes do previsto:

“Quando o Fernando falou que ia ter filho, fiquei feliz porque, com a contratação, teria mais opções de plano de saúde e um salário maior para dar suporte ao bebê”, diz Wilson Lima, diretor de RH da empresa.

Entre os benefícios concedidos, estão também 30 dias de licença-paternidade: “Estamos em um mercado muito competitivo e o funcionário leva em consideração benefícios robustos”, afirma Wilson.

A Youse faz parte de um movimento de empresas que tem usado políticas de recursos humanos em sua própria vantagem, nas quais um dos principais atrativos é aumentar a convivência entre pais e filhos. Seja através de licença paternidade estendida, além dos cinco dias obrigatórios por lei, ou de facilitar a convivência com as crianças durante o trabalho.

Empresas como a Natura e a Unilever têm um berçário dentro em suas instalações no qual os pais podem deixar seus filhos. No caso, as duas empresas dão 40 dias de licença-paternidade.

Outro exemplo desse movimento é a fabricante de bebidas Diageo que concederá ao seu colaborador William Pereira, de 36 anos, uma licença-paternidade de 26 semanas.

A política global da empresa, implementada em julho no Brasil, estabelece que mães e pais têm direito ao mesmo período de afastamento:

“Historicamente, a licença-maternidade é uma barreira para as mulheres no mercado de trabalho. Ao oferecer licença semelhante para todos, ela deixa de ser”, diz Tatiana Sereno, diretora de Recursos Humanos da empresa.

A Diageo faz parte do programa da Receita Federal chamado Empresa Cidadã que visa estender o período de licença dos pais em troca de benefícios fiscais. Às mulheres, o programa federal já oferece a ampliação de quatro para seis meses em casa, o que garante o reembolso da Diageo no caso das mães. Para os homens, a extensão é de cinco para 20 dias corridos. Com isso, a empresa passou a ter orçamento específico para a licença-paternidade e além disso, há a verba destinada à contratação de temporários, caso o trabalho de um substituto seja necessário.

A corretora de seguros Marsh implementou a licença-paternidade de 35 dias em 2017, desde então, já tiveram 40 funcionários que tiraram o período de afastamento. Considerando que há 1,2 mil funcionários no total, o número não é tão alto, o que torna possível dividir os colegas em rodízio para suprir a licenças.

Já no caso do escritório Daniel Advogados, a empresa não é cadastrada no programa da Receita porque tem o regime tributário de lucro presumido, o que não dá a possibilidade de incentivo fiscal. Mas, mesmo assim, aderiu à política em maio. Quando a equipe estava estudando os custos de implementação do benefício, constataram que no ano de 2018 tiveram três casos de pais que tiraram a licença de cinco dias, o que não gerou grande impacto financeiro. Segundo a gerente de RH Bruna Souza, a equipe julgou que seria necessário aumentar a licença-paternidade de 5 (período obrigatório por lei) para 10 dias úteis, período que se assemelha aos 20 dias corridos oferecidos pelo programa Empresa Cidadã. Além disso, a empresa ainda abona sete dias ao ano caso os pais precisem levar os filhos ao médico, desde que tenham idade inferior a 12 anos.

No caso das empresas estrangeiras que se instalam no Brasil, as aplicações de suas políticas internas devem ser feitas de modo a respeitar a legislação local ou podem até mesmo a aprimorá-las.

Por exemplo, a The Nature Conservancy (TNC), associação sem fins lucrativos de proteção ao meio ambiente, tem a política global de dar dois meses de licença aos pais e mães, em vigor no escritório brasileiro desde março. As funcionárias acabaram nem sentindo o efeito, pois a lei nacional se sobrepõe à da associação.


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